HISTÓRICO
Desde a Revolução Industrial e após a II Guerra Mundial, o homem teve acesso a tecnologias com grande potencial de destruição e passou a utilizar uma vasta gama de produtos químicos sintéticos com efeitos desconhecidos. A eletricidade tornou-se acessível no mundo todo e, atualmente, tudo se passa sem fios - o conhecimento da humanidade é globalizado e armazenado em plataformas digitais.
A Biologia da Construção tem origem na Alemanha, onde a reconstrução das cidades no período pós-guerra ergueu rapidamente edifícios com materiais baratos e de baixa qualidade. Tempos depois, grande parte das pessoas que ali habitavam adoeceu, sobrecarregando o sistema de saúde pública no país com um alto custo social. Descobriu-se, então, que certos métodos construtivos e determinados materiais utilizados eram a causa das doenças. Atualmente esse fato é reconhecido como a Síndrome do Edifício Enfermo (SEE), que resulta em problemas associados à saúde humana como sensibilidade química múltipla, doenças ambientais, asma, alergias, hipersensibilidade eletromagnética, entre outras.
Com esses fatos, os alemães entenderam que seria melhor e muito mais econômico construir edifícios de um modo mais saudável. Surge, então, a Biologia da Construção como uma ciência e arte da inter-relação entre o bem estar humano e o ambiente construído. Trata-se de um método holístico para projetar e construir espaços que favoreçam o desenvolvimento físico, emocional, espiritual e mental das pessoas, habitantes dessas edificações.
O termo "Baubiologie" ou "Biologia da Construção" foi cunhado pela primeira vez pelo médico alemão MD. Hubert Palm , que notou que um número sempre crescente de pacientes queixava-se de dores de cabeça, alergias e dificuldades ao dormir. Dr. Palm associou estes sintomas ao ambiente e, em 1968, resumiu suas descobertas no clássico livro “Das gesunde Haus – Das kranke Haus und seine Heilung (The Healthy Home or How to Heal a Sick Building)”
PhD. Peter Schmid, arquiteto inovador e dedicado instrutor de ioga na Áustria, desde o início da sua carreira, optou por realizar apenas projetos que não prejudicassem a saúde e gerassem poluição. Em 1970, foi co-fundador do primeiro Instituto de Biologia da Construção na Áustria.
Na Alemanha, o engenheiro especialista em madeira PhD. Anton Schneider participou do primeiro curso de biologia da construção, em 1972. Quatro anos depois, ele fundou o "Institut für Baubiologie+Oekologie Neubern - IBN", que realiza consultorias, edita publicações e promove até hoje o mais conceituado curso de biologia da construção na Europa. Atualmente, o tema faz parte da grade curricular de várias faculdades de arquitetura nas universidades alemãs.
Em 1987, o arquiteto Helmut Ziehe, estudante do profº Schneider, fundou o primeiro Instituto Internacional de Biologia da Construção e Ecologia fora da Europa, em Clearwater (EUA). Desde 2003, o instituto promove uma edição americana do curso de biologia da construção, baseado no curso IBN.
Durante os anos de 1987 e 1992, o jornalista e consultor em biologia da construção – Wolfgang Maes desenvolveu em cooperação com o IBN, cientistas e médicos, a Norma de Métodos de Testes em Biologia da Construção. Esta norma abrange uma ampla gama de poluentes do ar, como solventes, metais pesados, mofo, poeira e alérgenos, além de campos eletromagnéticos, radiação de radiofreqüência, rádon, ruído e vários outros fatores ambientais. As descobertas de Maes foram publicadas em seu bestseller “Stress durch und Strom Strahlung (Stress causado pela poluição eletromagnética)”, em 1992.
A fim de assegurar o controle da qualidade dos testes, foi fundada em 1998, na Alemanha, a primeira associação de profissionais da biologia da construção – "Berufsverband Deutscher Baubiologen (VDB)", e em 1999 foi publicada a primeira edição da chamada VDB Guidelines, com testes físicos, químicos e microbiológicos.
Em 1996, o profº Schneider criou a Fundação de Biologia, Arquitetura, Construção e Medicina Ambiental, o "Stiftung Baubiologie - Architektur-Umweltmedizin", com o intuito de promover construções saudáveis, ecológicas e socialmente responsáveis.
Seis anos mais tarde, foi fundada a "Verband Baubiologie - VB", que, em estreita colaboração com o Institut für Baubiologie+Oekologie Neubern - IBN, têm o intuito de disseminar informações e promover o acesso à biologia da construção.
Atualmente, a biologia da construção é a única abordagem holística aplicada mundialmente por diversos consultores ambientais, arquitetos, médicos e fabricantes de materiais dedicados à criação de ambientes saudáveis e sustentáveis.
Em 1989, no norte da Itália, um grupo de arquitetos e técnicos em biologia da construção fundou a "Associazione Nazionale di Architettura Bioecologica - ANAB", e o termo original alemão “Baubiologie” foi traduzido como “Arquitetura Bioecológica”. Este conceito pressupõe o desenvolvimento de uma consciência ecológica profunda, pautada por conceitos como responsabilidade, consciência e ética. Em parceria com o Institut für Baubiologie+Oekologie Neubern - IBN, através da Scuola di Architettura Naturale, a ANAB promove o curso de Construção Bioecológica ANAB-IBN-SIB, formando e qualificando inúmeros profissionais ao longo dos últimos anos.
No ano de 2004, foi promovido um primeiro seminário da ANAB no Brasil, organizado pela arquiteta Silvia Manfredi em parceria com o Senac, em São Paulo. O seminário contou com a presença de Siegfried Camana – presidente da ANAB e Reinhold Holzer – técnico em biologia da construção IBN. A partir daí, iniciaram-se os trabalhos para formalizar uma associação nacional sobre a arquitetura bioecológica e biologia da construção.
Fundada oficialmente em 28 de dezembro de 2005, a Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica - ANAB Brasil, reúne a partir de então, um grupo multidisciplinar de especialistas das mais diversas áreas relacionadas à arquitetura sustentável e biologia da construção. A partir de agosto de 2009, a ANAB Brasil lança a Universidade Corporativa da Arquitetura Sustentável - UniANAB. Com a universidade, a associação inaugura o Programa de Certificação Profissional ANAB-IBN e passa a promover a edição brasileira do curso ANAB-IBN-SIB, em seu curso Master em Arquitetura Sustentável e Bioecológica ANAB-IBN.